terça-feira, janeiro 31, 2006

Inconstância



Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...


E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Mozart




Mozart para mim é:
Missa brevis KV 259 que cantei e me encantou!
Requiem que gostava de ter cantado! Mas que, a seu tempo, alguém vai cantar para mim, por exigência minha!

terça-feira, janeiro 24, 2006

Novos dias

"Não se podem construir dias novos sobre manhãs que se recordam", Nenhum Olhar, José Luis Peixoto

Desde que li esta frase, quase diariamente estas palavras ecoam na minha cabeça, como o ressoar de um martelo da tecla de um piano a tocar continuamente a mesma nota! É bem verdadeira a frase.....mas.....porque nos prende o passado? Sabemos que já lá vai, que não volta, no entanto, por vezes, é difícil despegarmo-nos do passado. Eu entendo este apego como uma procura de nós próprios não tanto do passado em si, mas do que nós éramos naquele mesmo passado. Da impetuosidade, do impensar, do brilho nos olhos próprio daqueles para quem o mundo é o limite, do estado de graça próprio da idade, da imaturidade e de, talvez, alguma irresponsabilidade.

É giro agora olhar retrospectivamente e ver, aos meus olhos de agora (os mesmos dessa altura, mas mais saturados e empanturrados de visões) coisas que eram óbvias e que, na altura, me passavam perfeitamente ao lado, pois os meus olhos estavam direccionados apenas para os meus interesses. Houve tantos pormenores óbvios que me escaparam, como foi possível? Li tantas coisas ao contrário, ou, por outra, não valorizei tanta coisa que li. Como foi possível? Pergunto-me agora vezes sem conta....

Concluo que não adianta lamentar-me, apenas perceber a verdade inexorável que é que o olhar é o reflexo de nós mesmos e, consequentemente, só nos permite ver tudo filtrado, não a realidade como um todo, mas aquilo que vai de encontro ao modo como pensamos na altura, fruto das nossas experiências e do seu acumular.

Lamento, contudo, a perda do brilho inerente á falta de experiências de vida, vulgo, imaturidade, pois é um brilho perturbador, capaz de incendiar um mar de gente incalculável. Temos tantas certezas nessa altura e tão poucas agora!!!!!

Agora o brilho já não é tão cintilante, está toldado pelo acumular de vivências que vão colocando, cada uma a sua barreira invisível, limitando e castrando o olhar e impedindo-nos de ver as coisas em todo o seu esplêndor!!!



sábado, janeiro 21, 2006

Silêncio


É engraçado como tenho diferentes formas de comunicar com as pessoas: com uns verbalmente, com outros pelo olhar, com outros pelo silêncio.....sendo esta última a que prefiro. Ou, por outra, as pessoas que mais gosto comunicam comigo pelo silêncio....não precisamos de falar, basta saber que estamos ali. É do meu pai que estou a falar!! Deve ser por sermos do mesmo signo e quase do mesmo dia que comunicamos assim.....acho que, no fundo, é a pessoa que melhor me conhece, embora não falemos muito um com o outro sobre nós. Sempre fomos cumplices, quando eu era pequena não adormecia um dia sem me deitar no sofá ao colo dele para ele me massajar a cabeça- "coçar o carango" como eu dizia. Aí eu descarregava os meus medos, angústias, frustrações e alegrias do dia e então adormecia que nem um anjinho! Que saudades que eu tenho desse tempo!.......
Hoje continuamos a partilhar os nossos silêncios em que contamos tudo um ao outro, ele, não sei muito bem como, sabe sempre o meu estado de alma......pelo meu silêncio!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Músicas.....




If blood will flow when flesh and steel are one
Drying in the colour of the evening sun
Tomorrow's rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay
Perhaps this final act was meant
To clinch a lifetime's argument
That nothing comes from violence and nothing ever could
For all those born beneath an angry star
Lest we forget how fragile we are

On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are

On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are
How fragile we are how fragile we are


Sting

sábado, janeiro 14, 2006

Olhos


Sempre acreditei nos olhos e no seu poder como porta de entrada para a alma e, noutro dia, tive a prova que, de facto tenho razão! Após quase duas horas de conversa numa entrevista de emprego ia para entregar o curriculum quando me disseram que não havia necessidade, pois já me tinham visto o meu interior através dos meus olhos???!!!Como?-perguntei eu. Muito fácil, dilatei-lhe as pupilas e vi lá para dentro!!!!! E com esta me calei, pois vindo de uma pessoa de já bastante idade e muita jovialidade e perspicácia, que argumentos havia eu de usar?????
Também me disseram que daqui a muitos anos eu havia de recordar a conversa dos olhos e do emprego que me tinham feito arranjar.......e eu acredito veementemente que sim!!!!

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Neste mundo em que esquecemos
Somos sombras de quem somos,
E os gestos reais que temos
No outro em que, almas, vivemos,
São aqui esgares e assomos.

Tudo é nocturno e confuso
No que entre nós aqui há.
Projecções, fumo difuso
Do lume que brilha ocluso
Ao olhar que a vida dá.

Mas um ou outro, um momento,
Olhando bem, pode ver
Na sombra e seu movimento
Qual no outro mundo é o intento
Do gesto que o faz viver.

E então encontra o sentido
Do que aqui está a esgarar,
E volve ao corpo ido,
Imaginado e estendido,
A intuição de um olhar.

Sombra do corpo saudosa,
Mentira que sente o laço
Que a liga à maravilhosa
Verdade que a lança, ansiosa,
No chão do tempo e do espaço.

Fernando Pessoa

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Os vivos-mortos e os mortos-vivos



Cada pessoa arrasta consigo uma série de vivos-mortos!
Ao longo da vida, muitos são os que entram e saem da nossa existência; uns deixam mais marcas que outros, alguns aproximam-se lentos, outros de rompante, outros inesperadamente mas, todos, todos nos marcam inexoravelmente, de forma pessoal e intransmissível!
No fundo, nós somos uns coleccionadores, não de cromos nem de selos, mas de marcas pessoais, de pegadas!
Uns saem tal como entram- lentos, outros de rompante e todos mais ou menos inesperadamente. Uns saem porque a vida não lhes permite, outros por opção e outros porque, pura e simplesmente, os matamos! ( Afinal todos somos uns assassinos!!!)
São estes últimos os vivos-mortos! Por um motivo ou por outro, pelo muito e pelo pouco, vamos matando-os um pouquinho, cada dia, no nosso íntimo, lá no compartimento chamado coração em que os emprateleirámos. ( O nosso coração deve ser muito grande mesmo, pois cabem lá tantas pessoas ao longo da nossa passagem por esta vida!!... E além do espaço para os vivos, há também o cemitério!) Até que um dia lhes damos finalmente o golpe de misericórdia, forçados pela insustentabilidade de os mantermos vivos, graças as pequenas mortes que nos foram inflingindo a pouco e pouco. Sim, porque não somos nós que os matamos, são eles que se matam em nós! Aí nada mais resta que desferir o golpe fatal e mudá-los da prateleira dos vivos para o cemitério. Pensamos nós que com este procedimento nos vemos livres deles e de tudo o que nos fizeram........Errado!!!! Porque, embora, tal como os tantos outros mortos-mortos que estão por esses cemitérios fora, estejam entabuados, encurralados, encarcerados, confinados ao caixão em que os metemos, estes são muito piores pois temos que os carregar sempre conosco.! Mortos, mas arrastamo-los sempre para onde quer que vamos. Deve ser deste acumular de vivos-mortos que resulta o aumento de peso que normalmente ocorre com a idade! E, pior, é que, apesar dos nossos esforços para os matar, nunca os matamos bem mortos, porque temos sempre que os carregar conosco pois estão vivos e um dia, quando menos se espera, damos de caras com eles ao virar de uma qualquer esquina da vida........e, aí, lá ressuscitam novamente!!!
Ao menos os mortos-mortos são muito mais fáceis de lidar, porque sabemos que não vão fugir dali, por muito que, por vezes, nos custe!! Eu prefiro, de longe, os mortos-vivos, porque, ao contrário dos outros, ao morrerem, como não fomos nós que os matámos para nós, ascendem de categoria, passam a Imortais, sendo, como tal, muito mais fáceis de carregar....
Estes estão noutra prateleira, noutro lado, mais cá para cima na biblioteca que é o nosso coração! Tendemos a pô-los num lugar mais à mão, para que lhes possamos mexer sempre que quizermos, que precisarmos ou, simplesmente, para nos deleitármos com as doces recordações das vivências em conjunto de um tempo que não volta e que, teimosamente, qual Peter Pan, teimamos, pelo prazer que nos dá, em manter!!!

domingo, janeiro 08, 2006




Sinto-me exausta
exangue
esvaida de mim.
Sou um corpo,
invólucro de nada.
Mera expectadora de mim própria.
Parece que me tornei etérea
e me observo de fora de mim
sem perceber muito bem
se me vejo, se me revejo,
ou se pura e simplesmente não me vejo!

sábado, janeiro 07, 2006

É uma amizade recente, conhecemo-nos só desde Agosto! Mas quem disse que na amizade o tempo conta? O que conta é a disponibilidade da vontade, do querer e do ser!
Entraste, ou melhor, entrámos de rompante na vida uma da outra num final de tarde de um dia do início de Agosto. Um dia que começou igual a todos os outros e, que nada parecia fazer prever o desfecho, pelo menos a mim, embora, como me vim a aperceber mais tarde, na cabeça de outras pessoas, o nosso encontro já tivesse sido delineado, já tinha sido sondada sem o saber numa das minhas muitas conversas, talvez pelo entusiasmo e pela ternura com que falei!
Mal te vi, com esses olhos cor de mel, doces, doces, doces e profundos, a olhar-me perfeitamente assustada fiquei ali sem saber o que dizer nem como te acolher da melhor forma. Mas, o click, sim porque a empatia começa sempre por um click, deu-se quando te aproximaste de mim e me cheiras-te! Abandonaste um passado que sabias certo por um futuro do qual nada conhecias. Aí eu senti a tua entrega imediata e abracei-te num abraço longo que, penso te fez sentir que tinhas ou tinhamos ambas chegado ao sítio certo!
Com o passar dos dias a relação foi-se aprofundando, estabelecemos os nossos limites. Cada uma definiu o seu território e, neste momento, sei qual é o teu lado do sofá favorito e sei também que a única pessoa que permites que o partilhe contigo sou eu- que lisonja! Quando lá dormes, respirando uma serenidade e uma paz de espírito que invejo e eu te importuno, sabes bem lançar-me aquele olhar só teu, penetrante e simultaneamente recriminador, que me faz ficar com peso na consciência por te ter incomodado!...Como me apaixonei por esse olhar! E também pelo jeito como voltas a cabeça, como se no teu sono e na tua languidez se resolvessem todos os problemas do mundo!!!
Sentes quando estou triste, sentes as minhas angústias e aí quem me mima és tu, atiras-te contra mim, obrigas-me a parár e a deixar-te mimar-me. Só me largas depois de bem lambuzada, quando me sentes mais reconfortada e quando finalmente te sorrio!
Tento ver para dentro de ti através dos teus imensos olhos cor de mel, doces e lânguidos, mas não consigo! Não sei quais os segredos que guardas no teu coração, nem quais os teus ressentimentos. Não, esses sei! Porque quando, noutro dia, na rua, encontrámos a tua antiga dona, fingiste não a conhecer ( isso passado apenas um mês de estarmos juntas!) e te deixaste ficar bem juntinho a mim! Compreendi perfeitamente os teus sentimentos, amiga! Mas continuo a achar, e nunca te disse isto, que não interessa de onde vimos, mas para onde vamos. E aí acho que Deus, a providência ou lá quem mexe nesses cordelinhos do acaso e do destino, nos puseram no caminho certo.
Além da tua enorme capacidade de amar, de te entregar e de mimar, és também uma grande ouvinte! A ti confio, muitas vezes, aquilo que me vai na alma e na cabeça e que não confio a mais ninguém, pois sei que não me vais trair, nem contar a ninguém, tens o raro dom de saber guardar um segredo! E o teu silêncio sabe-me tão bem! Sei que apesar de não te manifestares, me estás a ouvir e me apoias incondicionalmente- são os teus olhos quem o diz!
Para mim o olhar é talvez das coisas mais importantes do ser porque ninguém consegue mentir olhos nos olhos! Os olhos são o espelho da verdade, além de toda a beleza que encerram. Os teus são reconfortantes, meigos, emanam serenidade, tranquilidade e a paz de espírito próprias de quem está bem consigo próprio e com a vida! ( Se bem que penso que ás vezes estás convencida que és mais do que aquilo que na realidade és! ) E tu agora estás bem com a vida, amiga!
Afundo-me no teu olhar e gosto de me afundar nessa doce melancolia que transmites. Olhar tão belo como o teu, só o de uma amiga minha que me estarrreceu quando a conheci, e me fez fazer figura de parva, pois não conseguia tirar os olhos daquele olhar mágico e hipnótico que encerra a melancolia própria da insularidade, do marulhar das ondas, da infinitude da água em movimento.... um olhar cheio de Fado!!! (Nesse almoço o que me safou de fazer uma tão grande má figura foi que mais pessoas manifestaram o mesmo em relação áquele olhar!)
Só há uma coisa em ti que não gosto, confesso! É o teu nome, mas já se tornou um pormenor tão irrelevante face a todo o ser que detém o nome! Tentei mudar, mas já trazias o rótulo colado a ti, então, pronto, rendi-me e continuaste a ser simplesmente a ser o que sempre foste, mas que, na realidade, talvez até esteja adequado á tua personalidade- Lady!
Obrigado por existires e por seres, isto agora vai soar a frase feita, simplesmente Cão como nós!

sexta-feira, janeiro 06, 2006

"
Nascemos e somos educados a pensar que se atingirmos determinadas metas seremos felizes.
Para a maioria das pessoas, ser feliz é ser "especial". Para se ser uma pessoa especial temos de cumprir determinados requisitos.

Eis alguns:
- Não ser filho de pais divorciados
-Ter sido um bom aluno e se possível o melhor
-Ter um curso superior e se possível fazer um doutoramento ou no mínimo um MBA
-Ter uma mulher ou um marido especial que nos possa satisfazer as nossas necessidades psicológicas e físicas
-Ter uma casa com piscina e passar as férias de Inverno na neve
- Conseguir manter o casamento até ao final da vida
- Fazer uma carreira profissional numa multinacional que mais tarde nos faça "partner" ou nos recompense com acções da bolsa de valores
- Em alternativa termos uma carreira de artista reconhecido (pode ser jogador de futebol) e sermos condecorados com a ordem de qualquer coisa.
- Ser um pai ou uma mãe de filhos que também atingem tudo o que se descreve
-Terminar a nossa vida num lar do José Manuel de Mello

O mundo diz-nos que quanto mais "especiais" formos mais felizes seremos....

O mundo nunca irá mudar. É você que tem de aprender a ver o mundo doutra maneira!...."

Recebi este mail e fiquei a pensar.....

quinta-feira, janeiro 05, 2006

"...Antigamente todos os contos para crianças terminavam com a mesma frase, e foram felizes para sempre, isto depois de o Príncipe casar com a Princesa e de terem muitos filhos. Na vida, é claro, nenhum enredo remata assim. As Princesas casam com os guarda-costas, casam com os trapezistas, a vida continua, e os dois são infelizes até que se separam. Anos mais tarde, como todos nós, morrem. Só somos felizes, verdadeiramente felizes, quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre...."
José Eduardo Agualusa, in 'O Vendedor de Passados'


Acho que hoje em dia já nem as crianças habitam no tempo em que as coisas duram para sempre! Cada vez mais cedo elas vão tendo a noção de que tudo é efémero, são os brinquedos, são os amigos, são os seus gostos....enfim, até elas se apercebem da inquietação em que vivem! Acompanham, por arrastamento, o mundo em que vivem, ou melhor, em que vivemos.....Andamos, corremos, buscamos, ansiamos, crescemos, obtemos, desiludimos e mudamos...é mais ou menos assim que as coisas se passam. Mudamos, andamos, corremos, buscamos, ansiamos, crescemos, obtemos.....e mudamos!!! Passamos a vida neste ciclo vicioso à procura de qualquer coisa sempre inatíngivel, porque nunca é bem aquilo que temos que queremos. Mas afinal o que é a felicidade? Concluo que não há felicidade, enquanto conceito vasto e perene, mas sim momentos felizes que vamos colecionando neste correr atabalhoado a que chamamos .....vida!

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Nostalgia



Hoje acordei extremamente nostálgica, voltei anos atrás, senti o cheiro das andorinhas em flor em casa da avó G., por baixo da latada que dava par o poço de pedra de onde, se nos debruçássemos, saia a Maria Gancha que, com o seu gancho nos puxava para o fundo do poço! Revi o avô A. e os seus profundos olhos azuis e todas as obras de arte em madeira que sairam da sua imaginação. Saboreei novamente os ovos estrelados cobertos de açúcar amarelo servidos em prato de alumínio em casa da tia A., que nunca mais na vida consegui comer, por achar que só ali fazia sentido! Revi as brincadeiras e partidas que fazia com o avô e as histórias que ele contava dos seus tempos de juventude e do tempo que passou na tropa nos Açores.
Veio-me à memória uma canção magnificamente interpretada pelo Adriano Correia de Oliveira- o Cantar de Emigração-"...Este parte, aquele parte e todos, todos se vão....tens em troca orfãos e orfãs...". Acho que de certa forma me sinto orfã de todos aqueles que foram partindo e que foram estruturantes para mim, pois cada um ao seu modo me transmitiu alguns ensinamentos e com o seu pequeno tijolo todos contribuiram para me edificar enquanto pessoa. Cada um a seu jeito contribuiu para melhorar um pouco este mundo, só por terem existido. Bem hajam!
Nestas divagações veio também a Balada de Outono do Zeca Afonso:

Águas e pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão acordar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar

Águas do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar

Não sei bem explicar, mas sempre que fico assim, vêm logo o Adriano e o Zeca para se fazerem ouvir até à exaustão.....acho que embora não me sinta portuguesa, pois nasci bem longe daqui, onde o pôr de sol era lindíssimo e o horizonte não tinha fim, onde a terra era vermelha, sinto bem um sentimento tipicamente português que é a saudade....cuja melhor expressão que encontro para o traduzir é o Fado!