sábado, janeiro 07, 2006

É uma amizade recente, conhecemo-nos só desde Agosto! Mas quem disse que na amizade o tempo conta? O que conta é a disponibilidade da vontade, do querer e do ser!
Entraste, ou melhor, entrámos de rompante na vida uma da outra num final de tarde de um dia do início de Agosto. Um dia que começou igual a todos os outros e, que nada parecia fazer prever o desfecho, pelo menos a mim, embora, como me vim a aperceber mais tarde, na cabeça de outras pessoas, o nosso encontro já tivesse sido delineado, já tinha sido sondada sem o saber numa das minhas muitas conversas, talvez pelo entusiasmo e pela ternura com que falei!
Mal te vi, com esses olhos cor de mel, doces, doces, doces e profundos, a olhar-me perfeitamente assustada fiquei ali sem saber o que dizer nem como te acolher da melhor forma. Mas, o click, sim porque a empatia começa sempre por um click, deu-se quando te aproximaste de mim e me cheiras-te! Abandonaste um passado que sabias certo por um futuro do qual nada conhecias. Aí eu senti a tua entrega imediata e abracei-te num abraço longo que, penso te fez sentir que tinhas ou tinhamos ambas chegado ao sítio certo!
Com o passar dos dias a relação foi-se aprofundando, estabelecemos os nossos limites. Cada uma definiu o seu território e, neste momento, sei qual é o teu lado do sofá favorito e sei também que a única pessoa que permites que o partilhe contigo sou eu- que lisonja! Quando lá dormes, respirando uma serenidade e uma paz de espírito que invejo e eu te importuno, sabes bem lançar-me aquele olhar só teu, penetrante e simultaneamente recriminador, que me faz ficar com peso na consciência por te ter incomodado!...Como me apaixonei por esse olhar! E também pelo jeito como voltas a cabeça, como se no teu sono e na tua languidez se resolvessem todos os problemas do mundo!!!
Sentes quando estou triste, sentes as minhas angústias e aí quem me mima és tu, atiras-te contra mim, obrigas-me a parár e a deixar-te mimar-me. Só me largas depois de bem lambuzada, quando me sentes mais reconfortada e quando finalmente te sorrio!
Tento ver para dentro de ti através dos teus imensos olhos cor de mel, doces e lânguidos, mas não consigo! Não sei quais os segredos que guardas no teu coração, nem quais os teus ressentimentos. Não, esses sei! Porque quando, noutro dia, na rua, encontrámos a tua antiga dona, fingiste não a conhecer ( isso passado apenas um mês de estarmos juntas!) e te deixaste ficar bem juntinho a mim! Compreendi perfeitamente os teus sentimentos, amiga! Mas continuo a achar, e nunca te disse isto, que não interessa de onde vimos, mas para onde vamos. E aí acho que Deus, a providência ou lá quem mexe nesses cordelinhos do acaso e do destino, nos puseram no caminho certo.
Além da tua enorme capacidade de amar, de te entregar e de mimar, és também uma grande ouvinte! A ti confio, muitas vezes, aquilo que me vai na alma e na cabeça e que não confio a mais ninguém, pois sei que não me vais trair, nem contar a ninguém, tens o raro dom de saber guardar um segredo! E o teu silêncio sabe-me tão bem! Sei que apesar de não te manifestares, me estás a ouvir e me apoias incondicionalmente- são os teus olhos quem o diz!
Para mim o olhar é talvez das coisas mais importantes do ser porque ninguém consegue mentir olhos nos olhos! Os olhos são o espelho da verdade, além de toda a beleza que encerram. Os teus são reconfortantes, meigos, emanam serenidade, tranquilidade e a paz de espírito próprias de quem está bem consigo próprio e com a vida! ( Se bem que penso que ás vezes estás convencida que és mais do que aquilo que na realidade és! ) E tu agora estás bem com a vida, amiga!
Afundo-me no teu olhar e gosto de me afundar nessa doce melancolia que transmites. Olhar tão belo como o teu, só o de uma amiga minha que me estarrreceu quando a conheci, e me fez fazer figura de parva, pois não conseguia tirar os olhos daquele olhar mágico e hipnótico que encerra a melancolia própria da insularidade, do marulhar das ondas, da infinitude da água em movimento.... um olhar cheio de Fado!!! (Nesse almoço o que me safou de fazer uma tão grande má figura foi que mais pessoas manifestaram o mesmo em relação áquele olhar!)
Só há uma coisa em ti que não gosto, confesso! É o teu nome, mas já se tornou um pormenor tão irrelevante face a todo o ser que detém o nome! Tentei mudar, mas já trazias o rótulo colado a ti, então, pronto, rendi-me e continuaste a ser simplesmente a ser o que sempre foste, mas que, na realidade, talvez até esteja adequado á tua personalidade- Lady!
Obrigado por existires e por seres, isto agora vai soar a frase feita, simplesmente Cão como nós!

1 Comments:

Blogger Leonor said...

São mesmo os nossos melhores amigos :))

3:09 da tarde  

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